Seu passo para frente, ao colidir com o chão, foi empurrado de volta.
Não vira a força que agira, mas a sentira: com velocidade e precisão, um empurrão posicionou seu pé exatamente onde começara antes de sair do chão.
Tentou dar o mesmo passo. Seu pé chega a sair do chão, aéreo, livre, não acorrentado, mas quando pisa, lá está novamente, no ponto de partida.
Ele olha para baixo. Reconhece seu próprio corpo. Esfrega os calcanhares contra o chão, flexiona os sapatos. Tudo normal. Tudo perfeito.
Mas quando tenta novamente, é como se não tivesse tentando.
Não, pior. É como se sua tentativa fosse ativamente contrariada.
Por que? Quem? E como? Não via, não entendia.
Não era idiota. Tentou o outro pé, com o mesmo resultado. Tentou não dar um passo, e sim arrastar os pés para frente.
Aplica força, e ele desliza. Não sentia nada que o puxava de volta, mas quando relaxou a perna direita e focou em puxar agora a esquerda, viu-se sem a necessidade: já estava novamente com ambas paralelas, no mesmo ponto inicial.
Ajoelhou-se. Tentando engatinhar, de quatro, viu seus dois joelhos agora também sempre colidindo com os mesmos dois pontos. As mãos, mais a frente, tateavam e tentavam encontrar algum caminho.
Deitou-se, chorou um pouco, e tentou arrastar-se com as mãos. Puxava-se e era arrastado novamente quando relaxava. Tentou rolar como um cilindro, mas rodou em círculos, os pés sempre presos ao mesmo lugar.
Não queria desistir. Era cedo demais para isso. Mas não via outra escolha.
Se ninguém viesse para carrega-lo, morreria ali, preso naquele local para sempre.
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